Boa noite, este foi meu quarto dia como garçon!
Existem clientes famosos por suas gordas gorjetas e hoje eu conheci dois deles. Um deles comprovou em 100% minha teoria da gorjeta "lendária", mas o outro, bem, ele é um sujeito que faz questão de dar 10%, o que faz minha teoria ficar com um balanço final de 50% para verdadeira e 50% para falsa, a mesma parcela do total da gorjeta que recebi do "cliente que faz questão", pois a praça hoje estava, digamos, compartilhada, pois o movimento fora deveras brusco. Ou não.
Ele chegou com sua digníssima, com um ar de delegados do velho oeste, sorrisos abertos e olhares nem tanto. Pedidos envoltos a ilusões que supostamente exigiriam malabarismos e mágicas do garçon desavisado foram postos diante da bandeja, mas não contavam com minha astúcia! Ou sorte. Ou a técnica avançada de kung-fu do grilo tranquilo.
Nada de mais nos pedidos ou nas personagens presentes, apenas uma suave atmosfera fora criada, mas até se retirar o véu, parecia uma interminável tempestade em alto mar, tensa o suficiente para me tirar o fôlego pelos primeiros 3 minutos ou menos.
Somente um Garçon Trainee mucho loco conseguiria alcançar a visão além do alcance. Afinal, todos nós, absolutamente todos nós queremos ser bem servidos, bem tratados, bem pagos, bem amados, bem bajulados. E no final das contas, é tudo uma questão de cordialidade.
Eu posso dizer que sigo um lema, ou pelo menos, respeito deveras os valores do lema dos Thundercats. Honra, justiça e lealdade. E isso resulta em tratar todos da mesma maneira, independente de cor, credo, religião, aptidão física ou valor agregado vindo das gorjetas.
A justiça é cega. O garçon, nem tanto. Atendi a todos muito bem e da mesma maneira. Alguns outros clientes, acredito eu, poderiam ter imaginado que uma certa preferência aos "clientes amigos" chegaria a resultar em um mal-atendimento para com eles, mas meu dever é oferecer a experiência perfeita a todos. E foi o que fiz com destreza. Afinal, eu sou O Garçon gentil, porra!
No final da noite, saldos positivos:
- O Cruzeiro não perdeu, mas usou o segundo uniforme mais feio que existe (o primeiro é o uniforme rosa do patético micreiro, caso tenham se perguntado) e acabou empatando um jogo medíocre, mas não perdeu;
- A quarta e a quinta gorjeta chegaram, espero perder a conta de quantas receberei (risos);
- O colchão agradece, pois está a cada dia mais próximo (mas ainda a algumas semanas ou quisá meses de distância);
- A cerveja do happy hour não estava lá tão gelada, mas como bebi só um copinho para brindar e não precisei colaborar na conta, ficou zero a zero, que nem o jogo do Cruzeiro Azul Canarinho.
Indo para casa, subiam pela mesma rua que eu 5 cachorros apressados para uma farra prolongada de feriadinho. Eles viraram na esquina pela esquerda e eu, fui pela direita imaginando se a tal cachorra era lá tudo isso.
Boa noite e muito obrigado pela presença!
Eu sou o garçon que irá atendê-los amanhã.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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